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A presença de pus após a colocação de um implante dentário — O que significa?

Em um corte, dilaceração, ablação, cirurgia, punções e outras formas de perda da continuidade da pele ou mucosas, espera-se que as bactérias entrem nos tecidos subjacentes. A entrada de bactérias no meio interno, quando ocorre a perda de continuidade dos epitélios da pele e das mucosas, é praticamente inevitável. Enfim, podemos afirmar que convivemos, compartilhamos e nos equilibramos biologicamente com a grande quantidade de bactérias que temos em nossas superfícies externas e internas.

implanteNo dia a dia, a possibilidade de entrada bacteriana no meio interno é muito grande e ela ocorre praticamente todos os dias. Dessa forma, quando bactérias entram nos tecidos conjuntivos, a inflamação é imediatamente desencadeada. Os vasos sanguíneos deixarão passar para a região muitas substâncias plasmáticas, ou exsudato, e também muitas células leucocitárias que, no conjunto, recebem o nome de infiltrado na região. Isso pode acontecer em várias situações, como ao redor de um fio de sutura, no alvéolo após a exodontia, na gengiva após a cirurgia ou ao redor do implante dentário.

A principal, e quase exclusiva, forma de geração de pus nos tecidos decorre da interação entre bactérias e neutrófilos. A presença de pus não significa rejeição, imunorrejeição, má qualidade do material implantado, fio de sutura ruim, tipo ruim de liga metálica ou sobrecarga oclusal. Os materiais sólidos normalmente colocados na intimidade dos tecidos não induzem a formação de pus. Os implantes dentários, metais, cimentos cirúrgicos, cimentos obturadores, resinas, polímeros e outros materiais sólidos por si só não promovem a formação de pus, a não ser que estejam contaminados. O que induz a formação de pus é a contaminação bacteriana por estafilococos e estreptococos.

A presença dessas bactérias pode ser assim analisada e questionada:
1 – Elas estavam no local antes do procedimento cirúrgico?
2 – O material colocado estava previamente contaminado?
3 – Houve falha na cadeia asséptica?
4 – Houve negligência da higiene bucal por parte do paciente?
Não importa qual a explicação, mas se o pus está se formando é porque os estafilococos e os estreptococos estão presentes na área.

Consideração final
– A presença de pus em uma determinada área indica, necessariamente, sua contaminação bacteriana por estafilococos e estreptococos.
– A interação dos neutrófilos com essas bactérias representa o principal e mais importante mecanismo de formação do pus no organismo humano.
– E, ainda, pode ser um ponto importante de reflexão clínica: como, quando e por que as bactérias chegaram até o local?

FONTE:
Alberto Consolaro – Professor Titular em Patologia da FOB-USP e da pós-graduação da FORP-USP.
Rev. Dental Press Periodontia Implantol., Maringá, v. 3, n. 2, p. 26-34, abr./maio/jun. 2009

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