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A VIAGEM

ENTRANDO NO ESPÍRITO DE NATAL, MAIS UM CONTO DO NUNCA ANTES…. VOCÊS JÁ SABEM!!!!

– Fui tudo muito rápido. O feixe de luz, muito intenso, desceu do céu me cegando. Não escutei nada… foi tudo muito silencioso só houve mesmo a tal luz e pronto. Quando dei por mim, eu já estava num lugar, totalmente, desconhecido. Não era mais a saída do Drive Thru, nem a rua que eu estava ou e muito menos a nossa cidade. Eles haviam me transportado para uma outra dimensão… ou mesmo um outro planeta. Tudo era muito diferente do que eu conhecia. O ambiente em que eu estava era de metal, não sentia o frio do metal, reinava ali um aspecto estranho… uma total falta de vida. Tudo muito estéril, muito limpo e com uma estranha falta de sensações: não sentia frio, não sentia calor, não sentia cheiro de nada, só escutava o silêncio e o tato era muito pouco… como se eu estivesse flutuando, mas sem tirar os meus pés do chão… certo é se aquilo poderia ser chamado de chão!!!

– Eu estava só… absolutamente só. O medo começou a me dominar. Andei de uma extremidade a outra, procurando uma porta, uma janela ou qualquer buraco que eu podesse olhar. Mas não havia nada disso, era uma sala completa e ermeticamente fechada. E logo me veio à mente: como o ar estava entrando ali dentro? Isso me apavorou um pouco mais… pois assim, o ar iria acabar. E eu morrer por falta de ar. Sempre… mas sempre mesmo tive pavor de morrer asfixiado. Então, lembrei da minha avó. Vovó sempre me dizia:
“ – meu netinho, nos momentos difíceis, não solte a mão de Deus, que é o nosso sagrado Pai.. E depois da tormenta, já na bonança, não esqueça de agradecê-lo sempre… Deus sempre está de olho na gente”

– Tentei recordar das rezas que minha querida vó havia me ensinado, na infância. Mas, como há muito tempo, eu havia largado a mão de Deus, não me lembrei de nenhuma reza. Sim… tinha me tornado um agnóstico. Não pedia, não esperava nada e muito menos dava graças à Deus. Lembro, então, que me ajoelhei e pela primeira vez em tempos imemoráveis orei… sim, orei com fervor dos mais crentes. Foi quando, do nada apareceu: Marx, Nietzche, ?? e até FHC, antes de ser presidente. Eles começaram a falar comigo:
“ – A religião é o ópio do povo.” – trovejou Marx
“ – Deus está morto “ – decretou Nietzche
“ – Os Deuses são os astronautas” – certificou-me ??
“ – eu não acredito em deus e nem você” – falou-me FHC

Assim do nada, também, todos eles desapareceram. Percebi que eram apenas frutos da minha imaginação. Também, percebi que não adiantava rezar. Pois, eu já era uma ovelha perdida, há muito tempo, do rebanho do Senhor. O meu medo estava aumentando… E dentro daquela sala vazia de metal, que não tinha porta e nem janela, eu não tinha a menor idéia de como tinha entrado lá. Depois, de sei lá, de quantas horas, do outro lado da parede, ouvi vozes. Eles falavam em uma língua que não compreendia. Parecia uma mistura de francês, alemão ou talvez, sei lá, húngaro? Mas, certamente, eu sentia ou sabia que eles falavam de mim…

– De repente, mais que de repente, uma das paredes se desfaz – tudo que sólido desmancha no ar – E do outro lado, vejo um lugar que me lembrou um grande auditório, estava repleto de seres. Havia humanos como eu, E, também, havia outros serem que eu nunca tinha visto e não tinha a menor idéia que poderia existir seres tão estranhos assim… Fiquei perplexo com o lugar. Fui andando devagar, dirigindo-me para onde estava agrupados outros seres humanos. Foi quanto apareceu, bem na minha frente um senhor, já velho, de barbas longas e vestes antiga. Ele olhou para mim, olhou para uma tela do netbook, voltou olhar para mim e olhou de novo para o gadget e perguntou:
“- O senhor não é Ricardo César Ribeiro Antunes?” – falou o ancião em bom português.
“- Sim, sou eu…” – ainda mais perplexo. Pois, além de me interpelar em português, o sujeito me conhecia e sabia o meu nome todo.
“- Acompanha-me” – falou- me, com um gesto imperativo e virando de costas para mim. E eu obedeci.

– Saímos do auditório e entramos em um longo corredor. Tudo era do mesmo aspecto da minha antiga sala. Não havia janelas e nem portas. Isso foi que mais me impressionou. Não tinha porta, as paredes simplesmente sumiam, sem deixar vestígio e nem uma poeirinha. Fui seguindo aquele senhor, que me conhecia e eu não o conhecia. Chegamos a uma grande sala. Parecida com uma repartição publica, com vários funcionários, cada qual na sua mesa, e eles não tiravam os olhos dos monitores, e sempre digitando. Não se importaram com a nossa passagem. E mais uma parede sumiu e entramos numa sala. O velho colocou o laptop em cima da mesa, deu a volta em torno da mesa, assentou e me indicou uma poltrona.
“- Pois é, Roberto, nem tudo sai com a gente quer. Também cometemos erros. Talvez, algum imediato menos experiente, ou talvez, um erro de comunicação com o nosso camarada Tamatos. E pronto… olha você aqui. – falou o ancião.

– Sabe, fiquei sem saber o que perguntar. Eu queria saber aonde estava, quem era aquele senhor, que tipo de erro, que algum imediato poderia ter cometido. Coisas absurdas começaram a passar pela minha cabeça; com tanta velocidade que eu não conseguia formular uma pergunta. Só ficava olhando tudo com cara de bobo. Então, diante do meu silêncio perplexo, meu interlocutor começou a falar:
“- Sei que você quer saber de muita coisa. Então, vamos por parte: primeiro: meu nome é Saulo, eu cuido do Departamento da Chegada e Adaptação. Segundo: não era para você estar aqui, mas já estávamos entrando em contato com Deus, pois nesses casos, de volta, somente com a sua assinatura de fogo. Isso aqui, que ninguém nos escute, mas é uma burocracia… Terceiro: Eu não cuido só da Terra, esse Departamento cuida do Centro-Sul, leste e o setor em expansão do Universo. É muita coisa, estamos sempre em alerta. E somente, agora que estamos informatizados. Então, eu não me culpo pelos erros…”
“- Eu… eu… es.. es… estou no.. no…ce…ce céu? -perguntei gaguejando.
“- Pois é, meu filho. Agora, você entrou no espírito da coisa.”
“- Mas como pode? Eu nunca acreditei em Deus, nunca preocupei com isso. Nunca pensei que existia vida após a morte, nunca li a bíblia. Eu não tinha que ir para o inferno? Então quer dizer o Nietz, Marx, ?? e o FHC estavam errados?”
“- Pois é, meu filho… Não só estes, mas muitos e muitos outros estão errados a respeito de Deus. Li toda a sua ficha. Mas, Deus, que é o nosso Pai Sagrado, sempre preocupou com você. Você é um filho ingrato, mas tem bom coração. Nunca blasfemou contra o Espírito Santo. Seu lugar é aqui, mas não agora!!!!”
“- Eu posso ver Deus ou mesmo Jesus Cristo?”
“- Além de ingrato, é audacioso… Meu filho, uma audiência com o Pai só daqui a milênios. Agora, Ele está ocupado com o setor Noroeste do universo. E ver o filho do Homem, também é muito complicado. Mas, o nosso Pai é um pai amoroso, ele sempre vai te escutar, mesmo estando o mais ocupado possível. Pois para ele nada é impossível. Ah!!!! se você quiser ver o Tomé, eu chamo. Quer?”

– Eu nada respondi, estava muito abismado com tudo. Eu nunca tinha acreditado em Deus, e agora, eu estava nos Reinos Celeste conversando com Saulo. Foi uma experiência muito emocionante. Ele me contou muitas coisas, que não posso falar. Levou-me para ver o Tomé, que cuidava dos Efeitos Visuais do Reino Celeste. Apresentou-me para o Pedro, diretor-mor dos Assuntos Confidenciais. Saímos do complexo do Departamento de Chegada e Adaptação, passeamos pelos maravilhosos jardins do Céu. Eu vi a árvore da Ciência do Bem e Mal… passei direto por ela. Depois, de algumas horas, finalmente, chegou o e-mail de Deus, com a sua assinatura de fogo, permitindo o meu regresso para a Terra.

– Fui tudo muito rápido. O feixe de luz, muito intenso, desceu sei lá da onde, cegando-me. Não escutei nada… foi tudo muito silencioso só houve mesmo a tal luz e pronto. Quando dei por mim, eu já estava enfrente a saída do Drive Thru, comendo o meu hambúrguer. Eles haviam me transportado de volta para a Terra… Garanto que tudo isso é a mais pura verdade, doutora… Eu não sou e nem estou louco. É verdade… é verdade está ouvindo?

– Sim… eu acredito em você. Veja, ontem mesmo, eu também conversei com Nossa Senhora… via video-conferência. E acredito em você, Ricardo – Tentou tranquilizar a psiquiatra, já preparando uma dose cavalar de calmante na seringa…

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