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TÁ PASSANDO MAAAAAAAAAAAAAAL

Mais um conto do nunca publicado livro: ‘A Vida não é uma Comédia’
Esse conto é baseado em fatos reais…

Quarta-feira, dez e meia da manhã.

Tudo está tranqüilo, na clínica integrada III.

Os alunos estão com seus pacientes, os monitores estão reunidos em uma rodinha comentando o último capítulo da novela, alguns professores estão rondando, entre as cadeiras, a observar os alunos nas suas tarefas; em quanto outros professores ajudam alguns alunos, em um procedimento mais complicado.

Mas toda essa aparente tranqüilidade, calma e harmonia é quebrado por um grito desesperado e assustador, que ecoava no fundo da clínica:

– ‘Tá passando maaaaaaaaaaaaaaaaaal….
– ‘tá passando maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaal …
– ‘tá passando maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaal…
-’tá passando maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaal.

Assim, toda a clínica parou de susto e pavor e todos viram a professora M.J. sair correndo, em uma marcha atlética, ou um pouco mais veloz, talvez. Abanando, vigorosamente, os braços e como uma ninja assassina pula entre as cadeiras do Eduardo e do Otávio e em plenos pulmões grita:

-’Tá passando maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaal…
– tá passando maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaal…
– Quem está passando mal? Eu? a senhora? – pergunta Otávio, já com medo de estar tendo um enfarto.
– Naaaaaaaaaão… é o paciente do Eduardo… é o paciente o Eduardo.

Até o meu amigo Eduardo perceber que aqueles gritos, ensandecidos, eram com ele levou um pouco de tempo, pois o Eduardo, por motivos particulares, realmente, precisa de todo a calma que Deus lhe emprestar. Assim:

– O que? o meu paciente esta passando mal? – pergunta o Eduardo ao Otávio
– Tá passando maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaal – grita a professora
– Cê está passando mal? – pergunta o Eduardo ao paciente. Que impedido do falar devido ao tipo de tratamento dentário que o Eduardo estava realizando nele, limita-se apenas a balançar a cabeça numa negativa.
– Então, relaxa, meu filho – ralha a professora com o paciente – Você fica retorcendo e virando os braços dessa maneira. Fica parecendo que você está em uma crise. Assim não dá, meu filho, você tem que relaxar, pois a nossa responsabilidade, para com os pacientes, é muito grande. Viu?…

E o pobre do paciente sem jeito e já envergonhado, impedindo de falar; balbucia:

-Ér querfffe eu souu defiiiciente de nasssceença. Osss merus brarrços são assssim messssmo derde que nasssscei. Meee dessssscurrrpa….

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