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Tratamento ortodôntico promove necrose pulpar?

NÃO!

1 – E quando a necrose pulpar for diagnosticada em dentes hígidos durante o tratamento ortodôntico?
PULPARO tratamento ortodôntico não induz necrose pulpar ou seu envelhecimento acelerado. Em todos os casos em que a necrose pulpar for detectada durante o tratamento ortodôntico, deve-se resgatar uma história de traumatismo dentário. Os pacientes não lembram-se das concussões e de traumatismos dentários menores, mas eles ocorrem diariamente.
Pequenas pancadas, resvaladas e acidentes domésticos podem aparentemente ser inocentes, mas, ao concentrar forças no ápice, podem provocar súbitos e pequenos deslocamentos, com ruptura do feixe vascular pulpar.
Em muitos casos de traumatismo dentário não ocorrem danos gengivais e coronários, nem sangramentos, mas pode-se ter necrose pulpar asséptica. Em alguns traumatismos dentários, pode-se ter severos danos gengivais e sangramento abundante, mas sem ruptura do feixe vascular pulpar.
As concussões dentárias podem ocorrer, ainda, frente às seguintes situações: dentes que atuam como suporte de alavancas em extrações de dentes vizinhos, pequenas batidas de fórceps nas extrações de terceiros molares, luxações de caninos não irrompidos e tracionados, batidas transcirúrgicas de laringoscópios durante a anestesia geral ou, ainda, mordidas acidentais de talheres, sementes ou corpos estranhos durante a alimentação.
Não há evidências clínicas, laboratoriais e experimentais para atribuir, ainda que teoricamente, a necrose pulpar como resultante da movimentação ortodôntica.
Quando situações clínicas simularem uma situação como essa, procure resgatar a história de traumatismo dentário e não atribua a necrose pulpar ao movimento ortodôntico.

2 – Quando há rotação do dente em torno do seu longo eixo,como na giroversão, os feixes vasculares e nervosos ficam enrolados ou retorcidos em torno de si mesmos, e isso não compromete a irrigação sanguínea da polpa?PRE

Não, eles não ficam enrolados ou retorcidos, pois os tecidos, a cada período de 15 a 21 dias, se reorganizam, voltam à sua posição e relação de normalidade. Quando o novo ciclo de movimentação se estabelece, por uma nova ativação, os vasos e nervos estão em relação de normalidade, sem qualquer alteração em sua forma. Os tecidos constantemente renovam suas estruturas, remodelam-se e assim se adaptam a novas posições e relações estruturais.

CONSIDERAÇÕES:
1. A necrose pulpar asséptica não tem como ser atribuída clínica e experimentalmente ao movimento ortodôntico.
2. Nos casos de necrose pulpar durante o tratamento ortodôntico, deve-se pesquisar o histórico de traumatismos dentários, especialmente os mais leves, do tipo concussão.
3. Em casos de forças muito intensas utilizadas em tratamentos ortodônticos e ortopédicos, a movimentação dentária não ocorre e o deslocamento com ruptura do feixe vascular pulpar tem menor chance ainda de acontecer.
4. Traumatismo dentário, trauma oclusal e movimentação ortodôntica são situações totalmente distintas umas das outras, embora sejam eventos físicos sobre os tecidos. Os efeitos biológicos em cada uma dessas três situações são diferentes e específicos, não sendo, portanto, comparáveis entre si.
O traumatismo dentário pode romper vasos e promover rupturas, por ter como característica a aplicação de forças súbitas e intensas sobre os dentes. Ao contrário ocorre com o trauma oclusal, no qual as forças são intensas, de pequena extensão, curta duração, mas constantemente repetitivas. Por outro lado, as forças da movimentação dentária são muito leves, mesmo as mais intensas, aplicadas lenta e prolongadamente sobre os dentes, de tal forma que se dissipam gradativamente em algumas horas ou dias.
Em suma: embora sejam provocados por forças, o traumatismo dentário, o trauma oclusal e o movimento ortodôntico não guardam semelhanças entre si quanto às características das forças aplicadas e quanto aos seus efeitos sobre os tecidos conjuntivos.

FONTE:
Tratamento ortodôntico não promove necrose pulpar
Alberto consolaro
Dental Press Endod. 2011 apr-june;1(1):14-20.

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