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Meu pai e os dentinhos do bebê

Conheci a Beth no Twitter e entre um tweet e outro, ela me contou que seu pai também teve a odontologia como profissão. E agora já estava aposentado…
Emocionada, ao ler um post, aqui no OrtoBlog, que lembrou seu pai, ela me contou que, mesmo depois de uma vida inteira dedicada a odontologia e a família, seu velho pai não teve o direito de curtir a sua merecida aposentadoria. Nesses desvãos de vida, o Dr. J.O.G. adoeceu… 
E que doença ingrata foi essa, que aos pouquinhos foi apagando da memória as histórias, as vitórias, os filhos, os netos e vai deixando toda uma vida em branco.
Assim, como uma justa homenagem a esse Colega, convidei a Beth para nos contar algumas histórias sobre a vida e a profissão do Dr. J.O.G.

 Meu pai e os dentinhos do bebê


Meu pai é Cirurgião-dentista, mas não sei o ano da sua formatura. Mês que ele vai fazer 80 anos.
E por favor, antes de mais nada, lhes peço que ignorem a parte técnica deste post. Eu sou só uma filha de dentista. E nem gosto de sangue… Meu pai nos contou esta história quando eu devia ter uns 20/25 anos, portanto, alguns detalhes já me escapam, visto que já dupliquei este tempo e mais um pouco.

Certa vez, estando na clínica onde ele tinha sido convidado a trabalhar, receberam um chamado urgente de uma maternidade da cidade. Um bebê havia nascido com dentinhos! Não sei dizer quantos nem a posição. Mas, enfim, dentes num bebê recém nascido devem ser um tremendo sufoco, pois como ele poderia mamar sem machucar a mãe? E deve haver outras implicações mais, porém as desconheço.

Mas decididamente, esta não deve ser uma situação muito comum…  Ou é?
Naturalmente que foi uma comoção na clínica. Quem poderia fazer as extrações? Quem teria tranquilidade suficiente prá enfrentar uma parada tão delicada?
“Dentaduras de gato” confeccionada pela Dr. J.O.G –
Reparem menor do que uma aliança…

Sim, ele. Meu pai se apresentou com toda a segurança e tranquilidade que lhe eram peculiares.

Ele mandou alguém avisar minha mãe que não o esperasse tão cedo, que depois explicaria. Dizia minha mãe, que meu pai demorou bastante, e quando chegou estava bastante emocionado. Há que se falar que somos oito irmãos, e meu pai sempre foi um paizão extremamente presente, carinhoso, que sempre adorou crianças. Ele explicava pra ela (minha mãe) e chorava, embora estivesse muito feliz por tudo ter dado certo. 
A cirurgia foi meio difícil pelas circunstâncias, havia a questão da anestesia etc., mas tudo deu certo!
Quando ele voltou à clínica, já no dia seguinte, foi efusivamente parabenizado.
Mas mesmo decorrido o tempo, desde quando aconteceu o fato e quando ele nos contou, ele ainda se emocionava. Ele foi um grande dentista. Amava a profissão.
Hoje, porém, nem sabe mais quem ele mesmo é. Mas deixou em nós o orgulho por sermos filhos dele.

Beth

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