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Outro dia, depois de anos e anos só mexendo com a ortodontia, aventurei-me em cimentar uma coroa no central de um paciente. O coitado estava com uma viagem marcar e o dentista clínico não estava na clinica.

Então, lá fui eu realizar tal façanha. Bom, acho que me sai bem… A coroa ficou na boca!

 Mas, isso me lembrou de uma vez… Long time…

Seis meses de formado, um dos primeiros pacientes e uma coroa de ‘art-glass’.

Fiz tudo como manda o figurino. Tudo bem certinho para não haver erros. No dia de cimentar a tal coroazinha, olho todo feliz para peçinha.

Ficou bonita, ficou com uma boa anatomia e cor, nossa!, a cor ficou exata! Melhor impossível!!!

Encaixei a coroa no núcleo e peguei o espelho para mostrar aquele belo trabalho para o paciente. Eu todo sorridente e ele faz uma cara péssima.

-O que aconteceu, Fulano? – perguntei.

– Não gostei! – respondeu o Fulano.

– Mas, por quê? – indaguei, já levando aquele balde d’água fria na cara.

– A cor… A cor ficou muito parecida com o outro dente. Eu que um dente branco… Branquinho!

Tentei argumentar que iria ficar ruim se eu colocasse uma cor muito clara. Todo mundo iria ver que era uma prótese, etc e tal. Mas, não houve jeito. Ele quis que quis um dente branco, pena que, na época, o clareamento não estava ainda na moda…

Assim, refiz o trabalho, coloquei a coroa com a cor mais clara da escala. No dia de cimentar a dita-cuja, mostrei para ele o resultado… Ficou péssimo! Parecia que tinha uma placa de neon discando: coroa… coroa…

– Agora sim! Gostei! Pode colar. – falou o Fulano, com um sorriso largo.

 – Tá bom.  – respondei

Como isso, eu aprendei que as pessoas tem gostos e expectativa diferentes.

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