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Chovendo no molhado – Começando a Desenvolver uma Visão Empresarial

Neste inicio de século, a Odontologia é o setor da área de saúde com maior saturação de mercado. Segundo dados publicados recentemente, o número de dentistas em atividade no país é de 229.000 profissionais, o que fez a profissão ser a exceção à regra em relação à área de saúde no Brasil. E o mercado odontológico só encontrou algum acalanto nos programas oficiais de saúde oral do Ministério da Saúde. Mas, isso é, necessariamente, uma notícia ruim?
Respondo:
– Depende de quem olha! Agora, é a hora de quebrar os velhos paradigmas que por décadas mandaram na odontologia.
Os dentistas tem uma visão muito técnica da profissão. E esquecem que, como toda profissão, a sua também está inserida no mercado de trabalho. E, também, está sujeita aos humores desse dito mercado. O que falta no setor é uma visão empresarial, os que já perceberam isso estão: saindo na frente, bebendo água limpa e ganhando dinheiro! Mas, ainda há muita água limpa para se beber na odontologia. O setor precisa é de se profissionalizar na questão administrativa.
Nós, dentistas, precisamos olhar para os consultórios e ver ali uma empresa. Há um falso sentimento que não devemos misturar a odontologia com “negócio”, pois sendo uma profissão voltada para a saúde tal denominação não pode e não deveria ser usada. Essa sentença é falsa; porque somente com uma administração competente é que vamos ter lucro nos consultórios e, somente, assim vamos sobreviver nesse mercado saturado, onde a concorrência beira a deslealdade e o consumidor está cada vez mais exigente e quer cada vez mais compensações.
Há diversas formas de acontecer essa profissionalização administrativa. Mas, o principal é o dentista ter conhecimento das ferramentas de administração. Somente ter um livro-caixa e anotar a ‘entrada’ e a ‘saída’ não está valendo mais!
Urge saber separar os custos variáveis dos custos fixos, saber qual é o valor da hora – clinica do consultório e saber quanto custa o consultório ficar fechado. Montar uma tabela de preço que esteja de acordo com o seu consultório e não copiar a do vizinho. Ter noções de marketing, benchmarketing, formar uma identidade visual, ou seja, ter uma marca. Marca é assim: tem que marcar; onde o consumidor ver a sua marca deve lembrar imediatamente de você! Ainda, saber lidar com funcionários, fornecedores e agregados para, assim, montar uma equipe coesa. Alguns dentistas acham que é muita coisa, que além do todos os procedimentos clínicos, ainda tem que ter tempo para administrar seu consultório, fazer o marketing e benchmarketing, motivar a ‘equipe’ e ainda viver!
Parece muita coisa? Não! É muita coisa, mas o que não pode acontecer é ceder a falsas facilidades como:
            I – “Trabalho uma parte do tempo no meu consultório, outro em outro consultório ou clínica, ganho de todos os lados”. Até podemos fazer isso, mas tem que haver um esquema para o consultório não ficar fechado, pois o preço de uma empresa ociosa é caro. Os custos fixos serão os mesmos. E, com o tempo, parte do dinheiro que o profissional ganha, trabalhando em outro lugar, vai ser parar cobrir as despesas do consultório parado e fechado.
            II – “Trabalho com convênios, assim ganho na rotatividade do consultório”. Aqui, carece estudar bem a tabela dos convênios e conhecer uma variável importante na tomada de decisão. Esta variável é a “Margem de contribuição”(MC) de cada procedimento. Porque procedimentos com margem de contribuição negativa aumenta o déficit do consultório. E com os preços que alguns convênios trabalham certamente haverá vários procedimentos com MC negativa. Não é ruim trabalhar com convênios, o que é ruim é trabalhar com procedimentos que estão com MC negativa.
            III – “Abro um consultório na periferia e pronto”. Pronto nada! Indico para o prêmio Nobel de Economia quem provar que abrir um consultório na periferia é garantia de sucesso. Aqui, o mercado é bem especifico. Há algumas sutilezas que devem ser observadas para ter sucesso nesse segmento de mercado. Um plano estruturado em um item fundamental: qual o tipo de financiamento que você vai vender para os seus consumidores? Financiamento próprio ou terceirizado, reserva de capital e recursos para evitar a inadimplência são itens que não podem faltar no plano de ação estratégico, mesmo antes de abrir o consultório.
            Ter uma visão empresarial do seu negócio, não é fácil, mas também não é um bicho de sete cabeças. O dentista precisa ter conhecimento, calma e segurança para elaborar o plano estratégico do consultório. Então, agora calma! Você não está sozinho, há empresas e consultores especializados que podem ajudar no desenvolvimento do espírito empresarial. Comece a pensar no seu plano de negócio, não importa se você já tem o seu consultório ou se ainda vai montar um.
            O principal motivo de o seu consultório existir é gerar lucro, através do atendimento dos pacientes que é a atividade principal. E será com esse lucro que você gerará sua remuneração, pagará o seu investimento e, ainda, terá capital para realizar novos re-investimentos, a fim de manter a sua empresa sempre maximizada. Atenção: o lucro é o resultado de um trabalho sério, bem orientado, honesto e com ética. Pense: Pode tosquiar uma ovelha por anos, e esfolar somente uma vez…
            Releia o texto, veja o tanto de conceitos que foram abordados e que necessitam ser trabalhados! Então, sem perder tempo, comece a pensar e agir como um empresário de sucesso!

Esse artigo foi publicado,originalmente, na e-Revista Odonto Business. 
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