Há muito não fico tão nervoso, ansioso e porque não dizer, com medo.
Já coloquei o velho Homem Bicentenário e o Lulu de guarda, mesmo assim, estou tão elétrico, que levo choque o tempo todo. O meu Homem Bicentenário é um velho Mac book, que aliás de Mac só tem a casca, por dentro já o alterei todo… Eu confio nele!
Não tenho motivos para estar tão nervoso, sei que o HB e o Lulu não vão deixar que os rastreadores me encontrem. Fiz um sistema anti-rastreamento perfeito. Quando o led passar de azul para verde; fui rastreado. Quando passar de verde para vermelho, tenho exatos 33 segundos para mudar todo o meu ID e acionar os meus IDs- espelhos espalhados pelo mundo. Desde ontem, o led está azul…
Como é fácil me achar…
A objetiva do telescópio está apontado para a Ursa Maior. Para me achar é só saber que estou olhando para a Ursa Maior. Há séculos, os homens são guiados pelas estrelas. A ironia nisso, é que talvez a estrela dona do rastro de luz não esteja mais viva… Muitas estrelas são como eu: Estão vivas, sem estar!
Esse céu me lembra um outro céu, de uma outra época e de um outro lugar…
Um dia, meu avô chegou em casa, com uma caixa enorme, que ele mal conseguia carregar.
‘Pedrinho, venha aqui me ajudar. Comprei um ultra-telescópio, para a gente rastrear Discos-voadores.’
‘É verdade, vovô?’ – perguntei
‘Sim! Vamos lá pro deck da piscina. Vamos montar a nossa base lá!’
Lembro-me que passamos quase um ano vasculhando o céu.
Discos-voadores, não vimos.
Mas, em compensação aprendi muita coisa sobre as estrelas, os planetas e outras galáxias anos-luz da Terra. Ouvi várias histórias e lendas de vida inteligente fora do Sistema Solar.
Nossa vigília só terminou quando mamãe quebrou o nosso telescópio. Ela descobriu que papai andava vendo uma outra estrela, essa da TV, de topless, na piscina vizinha… Que farra!
Meu avô sempre falava!
‘Você tem exatos trinta e três segundos para me responder o nome daquele planeta, dessa estrela ou daquela constelação.’
E, agora, eu tenho exatos 33″ para sumir. O led ficou vermelho…
